Masculinidade deformada

Quanto à antiga maneira de viver, vocês foram ensinados a despir-se do velho homem , que se corrompe por desejos enganosos, a serem renovados no modo de pensar e a revestir-se do novo homem, criado para ser semelhante a Deus em justiça e em santidade provenientes da verdade. Efésios 4:22‭-‬24 NVI

ESTAMOS EM OBRAS DESCULPE NOS O TRANSTORNO. Essa placa está dentro de cada ser humano pois vivemos um constante devir. Estamos sempre em mudanças, o que somos hoje amanhã já não somos mais. Pois tudo flui, tudo muda. Quando aceitamos Jesus como Salvador e também seu modelo de vida, as mudanças que nos é encorajado a termos são avassaladoras.
Viver uma vida adulta "certinha" para compensar uma infância ou juventude errada não é a solução. A compensação, é uma busca por equilíbrio próprio, ou seja, uma autarquia. O domínio de si próprio ou o governo sobre si, uma virtude humana herdada da filosofia antiga virtus medium est (virtude está no meio) frase de Aristóteles. A maioria das escolas filosóficas buscavam um pensamento antropológico, buscam uma receita para o homem se tornar virtuoso e feliz e o domínio próprio não deve ser fruto de um exercício humano e mental. O equilíbrio deve ser fruto do Espírito Santo. Desde o Gênesis o Espírito Santo é quem transforma caos em ordem. Assim como quando aprendemos a caminhar buscamos um equilíbrio para o corpo, quando começamos a caminhar com Deus buscamos achar o equilíbrio por nós mesmos.

O filho pródigo tenta compensar seus pecados com falas do tipo "Não sou mais digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus empregados". Lucas 15:19 NVI Ele tenta compensar suas falhas, sendo tratado como empregado. Criamos um castigo ideal para nos livrarmos da culpa que Jesus já levou pregado no madeiro. GL 3.13.

O castigo ideal também pode ser substituído pela postura ideal, que sempre sonhamos, mas nunca atingimos. E não atingimos porque queremos fazer através do velho homem, esse velho homem é aquele vestido de culpa, insatisfação e fracasso. Frutos da infância e juventude errada. E esse errado tem uma dualidade de um lado, um pai que falhou como pai e outro um filho que falhou como filho.

São as veredas antigas e erradas que nos impede de viver aquilo que o autor de Hebreus diz: Portanto, irmãos, temos plena confiança para entrar no Lugar Santíssimo pelo sangue de Jesus, por um novo e vivo caminho que ele nos abriu por meio do véu, isto é, do seu corpo. Hebreus 10:19‭-‬20 NVI

Jesus é o caminho para corrigir nossas veredas antigas. Não tem como colocar um novo caminho por cima do velho. É preciso remover a sujeira, não soterrar no esquecimento. Nosso ego e vaidades precisam ficar na sarjeta. Brennan Manning escreve: Entulhado as laterais da estrada para o Calvário jazem os esqueletos de nossos egos, os cadáveres de nossas fantasias de controle e os estilhaços de justiça-própria, espiritualidade auto- indulgência e ausência de liberdade.

Muitos não permitem serem transformados justamente por se sentirem inseguros com o corpo de Cristo e próprio Cristo. Criam sua própria identidade cristã. São cristãos autônomos. A fala de Jesus fazer discípulo e ensinar a obedecer na cabe para alguns. E para se manterem na comunidade mesmo desconfiados, eles criam impostores e atuam. Assim como na sociedade existe o ator social na igreja existe o ator eclesial. E a vida de impostor nunca permitirá que a verdadeira vida floresça ainda mais quando pessoas assim se encontram no mesmo espaço. Há um grande perigo quando essas duas pessoas se encontram, um o que busca aceitação através da bajulação que recebe e outra que se encontra aceito quando bajula o bajulador. São dois impostores, um escraviza e outro se deixa escravizar. Aqueles que querem se manter nas veredas antigas e jogar o Caminho por cima farão do Caminho apenas uma camuflagem. Não há alternativas é pegar ou largar. A vida que Cristo nos oferece não dá condição de uma vida ambivalente. Jesus põe opostos em choque como morrer e viver. Perder e achar. Paulo fala aos cidadãos de Éfeso. Despir do velho homem e revestir do novo homem, espiritual. A conversão para muitos o que importa é ser salvo, ter o nome na lista do livro da vida é o suficiente. Muitos homens não querem se desfazer daquilo que são, querem por Jesus emoldurado em seu velho estilo de vida, o bravo e briguento, ou o passivo e covarde.

O mundo feito de heróis construído pelos gregos ainda é um fantasma que persegue a masculinidade. O homem belo e bom, foi  migrando para o homem duro e racional com a filosofia moderna no qual homem tem que ser racional. Bom com números, não com sentimentos. Somos o homem de Marlboro, um cowboy durão que andando em seu cavalo, fumando seu cigarro vai marcando território e galgando espaço. Um homem que não sente emoções. Poucos amigos um lobo solitário na estepe. A vida masculina num legado à solidão e sentimentos que jamais irão ser expostos.
A música do The Cure é uma síntese dessa vida masculina entulhada de razões e vazia de sentimentos.  Hiding the tears in my eyes 'Cause boys don't cry Boys don't cry (Escondendo as lágrimas em meus olhos pois, garotos não choram, garotos garotos, não choram). Outra música que marcou essa cultura masculina foi Born to be wild da banda Steppenwolf. Like a true nature's child We were born, born to be wild. (Como um verdadeiro filho da natureza Nós nascemos, nascemos para ser selvagens) Este mundo selvagem foi idealizado e experimentado por muitos homens poderíamos falar da literatura com escritores como Jack London e Jack Kerouac que exaltaram esse espírito livre e selvagem. Na filosofia temos o Übermensch ( super homem/super humano) o homem idealizado por Nietzsche que superou Deus, criou seus valores, vive perigosamente, um novo espírito sobre a terra. Tanto que Hitler apoiado nesse conceito Übermensch desejou criar a raça ariana.

Não somos como o rei Davi que tem em uma mão a lira e em outra a espada. Lirismo e poesia é para os fracos e sensíveis, temos apenas a espada e a valentia de Aquiles. O mundo nos ensina a ser Aquiles o orgulhoso, o homem que marcou a história, a matriz de todo grande herói. A Bíblia nos ensina a ser rei Davi, o mais moço, que é valente diante dos inimigos, mas humilde diante de Deus. Há dois caminhos morrer cedo como Aquiles sem deixar um legado ou morrer velho como Davi, após deixar um legado. Temos uma alternativa diante de duas escolhas.

A cultura da exaltação nos ensinou a não chorar, ser o “homenzinho” da casa enquanto o pai não está. Como pai não estava em casa nos tornamos um homem na estatura, mas não nas emoções, pois a ausência do pai fez com que muitos homens construíssem uma masculinidade feminina e passiva, já outros uma masculinidade bruta e violenta. Meninos que um dia foram os “homenzinho” hoje são passivos ou violentos. Uns tratam as mulheres com gritos e empurrões outros deixam que ela decida tudo.
Deus quer restaurar a masculinidade desses homens que são vítimas de um pai ausente e de uma mãe que fez do filho o substituto do pai.

Muitos vêem o cristianismo como religião de mulher, pois cristianismo fala de chorar, resignar, se calar, oferecer a outra face, andar mais uma milha, lobo entre ovelhas. O bom ou aquele que suporta. Esse modelo não é atraente como John Waine, Dominic Toretto, entre outros heróis másculos do cinema. Esse modelo é um homem que carrega um colar de humildade e um manto de sabedoria. Ser um homem cristão é uma aventura na cidade, no trabalho, na família e dentro de casa. É preciso deixar Deus fazer o que tem de ser feito.

Há uma obra sim em cada homem que serve a Deus, e essa obra será constante e contínua.

“Ouçam-me, vocês que sabem o que é direito, vocês, povo que tem a minha lei no coração: Não temam a censura de homens nem fiquem aterrorizados com seus insultos.  Pois a traça os comerá como a uma roupa; o verme os devorará como à lã. Mas a minha retidão durará para sempre, a minha salvação de geração em geração.” Isaías 51:7‭-‬8 NVI

Fonte imagem: https://alber7oferreira.deviantart.com/art/--285986843


Comentários

  1. Muitas reuniões, no sentido de ajudar o cristão a tomar uma postura correta, seja no interior ou exterior da Igreja, têm sido objeto, sem portanto ter operado eficazmente em todos.

    Vejamos o que nos diz a Palavra de Deus

    Deus disse a Samuel: “porque o Senhor não vê como vê o homem”. Podíamos desenvolver uma grande mensagem, e com fatos, mas não é oportuno.
    Parabéns Pastor Alberto
    Muito bom Raciocínio

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Ser assim como Jesus é. Vir a ser.

Ser assim como Jesus é. Ser o cumprimento da profecia

Cultura do Reino - Hiato