Ser assim como Jesus é. É ser compassivo

Ao ver as multidões, teve compaixão delas, porque estavam aflitas e desamparadas, como ovelhas sem pastor. Mt 9:36‭ NVI

      Conforme anos e séculos vão passando a linguagem e as palavras vão mudando de sentido e por isso há uma certa dificuldade ao ler a mesma palavra em momentos diferentes da história. Uma palavra muda seu sentido e passa ser usada de outra forma. Uma das palavras é a paixão ou compaixão. Antes de falar de compaixão vamos falar de paixão. Paixão vem do latim Passio que é sofrer, suportar, e do grego Pathe sentir algo bom ou ruim, com o passar dos séculos ela foi romantizada paixão deu se a idéia de uma forte emoção, desejo e mais tarde passou a ser entusiasmo, predileção, atração. Quando pensamos em PAIXÃO DE CRISTO. Muitos vêem um sentido de um amor exagerado por alguém, ainda mais associado a João 3.16. Só que essa paixão de Cristo é no sentido Passio, sofrer por algo ou alguém. Compaixão quer dizer sofrer junto, sentir junto. Ser compassivo não é ser calmo e sereno. Para ter compaixão de alguém não é ter apenas um sentimento é preciso ter ação. Agora para que alguém aja será preciso deixar algo seu de lado para ajudar o próximo. A conhecida parábola do bom samaritano

          Jesus sentiu compaixão pelas pessoas ao ver o sofrimento das pessoas elas estavam sem amparo e viviam na aflição, Jesus as via como ovelhas que eram abandonadas sem quem as cuidasse, e esse sentimento de compaixão levou Jesus a duas resoluções que tem poucas pessoas se compadecendo e é necessário orar para que mais pessoas se compadeça e façam o trabalho de cuidar das pessoas. A compaixão que Jesus tem pelas pessoas o move a curar, a compaixão não pode ser apenas um sentimento romantizado e carnal é preciso levar a ser algo. Jesus é um ser e como ser ele age. Quando nosso ser é transformado pelo Espírito Santo, ele é o agente pela qual iremos ser semelhantes a Jesus. Ser discípulo não é apenas obedecer Jesus é ser Jesus. Toda vez que os cristãos não se parecem com Cristo o cristianismo é prejudicado. A verdadeira compaixão aquela que vem do Espírito Santo me leva a fazer algo por alguém, não é uma compaixão carnal e diabólica ao qual me escraviza através de mágoas, culpas e ressentimentos. Também não é um sentimentalismo vazio daqueles que me leva a criticar, reclamar e não faço nada em favor de algo. Hoje existem pessoas que são assim se dizem apaixonados mas  é da boca para fora. Este povo me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. Mt 15.8. A razão diz uma coisa, mas a emoção faz outra.
       Ter misericórdia de alguém faz com que eu tenha compaixão dela, assim como Jesus teve misericórdia. Vivemos num mundo de negócios e disputas influenciado pelo pensamento competitivo e hegemônico, no qual é cada um por si, um é inimigo do outro. Não dá tempo de ter misericórdia se não eu perco ou deixo de ganhar meu cargo ou posição. Vivemos num sentimento velado no qual a queda do outro é minha possível acessão. Quando o outro cai tenho uma dualidade ou ajudo ele a levantar ou ocupo seu lugar. O espaço é cada vez menor assim menor é minha possibilidade de conquista. Essa ambivalência está operando dentro de mim, levanto ou ocupo o lugar? Esse é o momento de ter compaixão sentir a dor do outro em sua queda e ajudá lo a levantar.
      Jesus para sua caminhada para ouvir o clamor dos cegos e teve compaixão deles sentiu a dor deles e queria saber o que eles queriam esmola ou cura, e eles queriam ver e Jesus os curou. As pessoas mandavam eles se calarem repreendendo os cegos, a multidão não tem compaixão pois a miséria, o fracasso e a debilidade dos outros já fazem parte da paisagem. Para Jesus não, essa é a hora de mostrar à multidão como é ser como o Filho do homem, e ser como filho do homem é parar e sentir compaixão.
       Inúmeras vezes Jesus foi visto como um anti religioso judeu, ele fazia aquilo que não fazia parte da convenção dos grandes mestres e líderes judeus. Jesus tocava em leprosos, perdoava prostitutas e pecadores, jantava com ladrões, chamava para sua equipe criminosos do colarinho branco como Mateus. Ter compaixão é um grande risco que se corre diante da sociedade. Facilmente alguém que tem compaixão do outro será criticado, será visto como um exagerado no que faz pelo seu próximo. Um pessoa leprosa não podia ter um relacionamento com que era puro, não podia entrar no santuário, era visto como uma pessoas imunda, amaldiçoada por Deus. A compaixão faz com seja emancipado as convenções construídas pela cultura religiosa que teme o imundo, o obscuro e sujo.
      A compaixão leva a doar ao se imaginar como é ser sem ter algo. E o conhecimento é uma das necessidades básicas de qualquer sociedade. A ignorância vitimiza pessoas em todos os lugares do mundo. A falta de conhecimento faz com que muitas pessoas não atinjam seu máximo como cidadão. Jesus ensinou muitas coisas. O sermão dado por Jesus na montanha é um grande exemplo que a compaixão ela também é intelectual ainda mais o povo judeu que toda a sua história e significado moral e etnico estava ligado à Lei e os profetas. Hoje a possibilidade do conhecimento é vasto, porém o índice de analfabetos no Brasil é de 13 milhões para pessoas com mais de quinze anos. 
       
          As parábolas da Ovelha perdida e do Filho pródigo é um exemplo de compaixão de um lado a compaixão que move a ir buscar aquele que se perde do outro a longanimidade daquele que espera a volta daquele que abusou e depois partiu. Quando um líder deixa um liderado e vai buscar um que está perdido, esse que se sente deixado critica o líder que  vai a procura daquele que está perdido. Esse que fica talvez pense eu fiz tudo certo e ele vai atrás daquele que faz tudo errado, até parece que ele é mais importante que eu. Para o líder todos são importantes, os de perto e os de longe, todos tem uma importância para o reino. Na parábola do filho pródigo também vemos esse sentimento de desprezo pelo que se perde por aquele que fica. Muitos daqueles que nunca desviaram sentem uma profunda revolta quando veem aquele que desviou voltando pra casa, sendo recebido com festa pela liderança ou o pastor. As vezes carrega um sentimento de cobiça e até raiva, pois a vida toda lutou contra o pecado sempre sendo aquele que fica. Já o que volta é aquele que pecou, aproveitou fez o que deu na cabeça, não estava nem aí para ninguém. Aquele que fica acha ter mais mérito que o que volta. Pois como diz: Há alegria quando um pecador se arrepende. Por que o líder ou pastor tem compaixão, porque ele sabe que o pecado trás dor, mágoa, culpa, e ódio de si mesmo. Aquele que volta, volta com cicatrizes pois aquilo que era como o prazer no fim foi como uma navalha na carne. Como diz Tiago o pecado gera morte. O pai mata o boi tão especial para revelar o quanto aquele que volta é especial. A compaixão faz com que eu distribua o que tenho para aquele que desperdiçou o que tinha. O sentimento do pai sobre o filho é o mesmo de Jesus sobre a igreja de Laodicéia, muitas pessoas estando no mundo são como os de Laodicéia sente-se ricos, poderosos, mas, na verdade são miseráveis, pois são, pobres, cegos e nus. 
        A cada dia novos grupos vão surgindo e cada grupo social é construído com idéias e propósito e essas idéias e propósitos faz com que exista uma distinção entre um grupo e outro. As ideias saltam de algo para dentro da mente das pessoas, saltam do comércio liberal, das telas do computador, da lousa do professor, da mesa do senado, são disputas de dialéticas. E essas divisões que há no mundo migram para dentro da igreja causando divisões, facções. A cidade de Colossos era uma cidade mercantil e assim havia uma mistura de povos, oriundo de vários lugares. Pense em um grupo religiosos onde tinha um grego e um judeu, um cria na filosofia outro na Tora. Um circunciso e um incircunciso, um considera a Lei o outro não. Bárbaro e Cita, um não falava grego outro vagava longe do helenismo. Escravo e Livre, nos dias de hoje um patrão e outro funcionário, um neoliberal e outro marxista. Pense num grupo hoje, um pentecostal, outro tradicional, um arminiano outro calvinista, um milenista e outros pré-milenista, que loucura que poderia dar essa mistura de idéias e visões. Paulo tinha uma dica para que um cimento social fosse sedimentado entre eles que é o conhecimento da vontade de Cristo e o amor, ao invés de brigar por idéias deviam dividir as dores, sendo compassivos um com o outro.
Lidar com pessoas duvidosas é lidar com pessoas que são críticas, inseguras. Que estão sempre pondo em questão aquilo que lhe é dado. Muitas não permite ser ajudada, disciplina e ensinada contudo não deixam a igreja. Todo líder uma ora ou outra irá ter uma pessoa assim no seu encalço, duvidando. A compaixão é necessário pois como disse compaixão é sentir a dor e toda dor trás consequência e no caso daqueles que estão duvidando muitas vezes cresceram num ambiente de relatividade, insegurança e disputas e com isso tem dificuldade em crer nos outros. Como diz o teórico social Zigmund Baumann vivem num mundo líquido tudo flui muito rápido não dá tempo de sentir o chão. E foi impresso uma insegurança eles creem em Deus e em seu poder porém tem dificuldade de crer nas pessoas.
Um existencialismo cristão, como pensou Søren Kierkegaard eu acredito em Deus, mas não acredito que vocês possam me guiar até Deus. Neste momento urge a necessidade de ser um líder tremendamente seguro de sí, para que a pessoa que duvida possa encontrar segurança e amor nos braços do líder, mesmo o líder sendo estapeado e ofendido. A compaixão daquele que duvida precisa ser separado do pecado, preciso ter compaixão dela sem ter compaixão do pecado, não tem como ser compassivo e politicamente correto ao mesmo tempo. Preciso retirar o pecado que traz a dor, e para retirar o espinho não dá pra ser político. Lidar com pessoas duvidosas é um desafio terrível, líderes tendem mais a abandonar essas pessoas do que ajudá-las, por ser uma tarefa árdua.
Não abandone quem está duvidando de você, use do método socrático com ela, ou seja através de perguntas, faça ela mesma descobrir por si só porque dúvida dos outros. Leve ele a duvidar de sua dúvida.

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