Ser assim como Jesus é. Ser uma alegria.


Então uma voz dos céus disse: “Este é o meu Filho amado, de quem me agrado”. Mt 3:17 NVI

    Quando lemos os evangelhos notamos uma pista que Jesus vai deixando sobre si mesmo e seu legado de mestre. Jesus está ocupado não consigo mesmo, mas com a missão que deve cumprir e o que caracteriza quem ele é. E para ser o Messias um dos requisitos é cumprir as escrituras, ou seja, ser aquilo que os profetas profetizaram. E Jesus diz a João convém ser assim para cumprir as escrituras. O que mais agrada se não as predições que dão certo. E Jesus se revela como o Cristo conforme obedece ao seu chamado.
    Ser um filho amado é ser obediente. Pois a obediência evita caos, como houve no Éden. Quando obedeço ocupo o tempo sendo celebrado pelo meu pai, quando desobedeço ocupo o tempo do pai para ser corrigido. Não que a correção não seja boa é que a celebração da alegria é muito melhor. Hoje muitos líderes sejam na igreja ou qualquer outra área da sociedade tem ocupado o tempo corrigindo em vez de comemorar a obediência de um subalterno. A autossuficiência não era uma característica de Jesus quanto menos a expressão “deixa eu fazer do meu jeito”. O sentimento de rebelião arrasta muitos à queda por não saberem seu lugar. Como é bonito ver as pessoas que sabem seu lugar e cumprem fielmente sua missão. A correção constante com o tempo trará exaustão e o líder será tentado a abandonar seu pupilo. João diz em seu Evangelho que aqueles que creram passaram a ser filhos de Deus. Agora ser um filho que dá alegria ao pai é outro nível. Por alguns períodos da história do cristianismo Deus olhava pra cá buscando pessoas que dessem alegria. Deus nos ama, contudo, ele se alegra conosco? Um pai ama seu filho. Porém pode não se alegrar. A questão é o que dá alegria. Todos sabem que a alegria vem quando uma coisa boa acontece. E uma coisa boa que muitos não tratam como coisa boa é a obediência. Deus abandonou Saul por ausência de obediência.
     A palavra obedecer veio do Latim oboedire, “prestar atenção, escutar com seriedade”. Obedecer é não fazer a minha vontade, é fazer a vontade de alguém que me deu uma missão desde trazer um copo de água para um amigo, ou cumprir um objetivo dado por um superior. Seja na igreja, na família, no trabalho em qualquer organização que envolva hierarquia e tomadas de decisões. Obedecer é não fazer minha vontade, obedecer é manter a ordem e a ordem traz alegria.
    Porque há tantos que creem Deus e não obedecem, é que eles fizeram adesão a uma fé, como fazem adesão a um plano de telefonia e a adesão são em função de ser beneficiado e não beneficiar. Ninguém faz um plano de saúde ou um contrato pensando em beneficiar sempre é ser beneficiado. Hoje as pessoas processam pessoas e instituições por nada e isso é a resposta que temos do egoísmo e do desejo de que alguém nos dê alegria. Somos uma sociedade passiva e interesseira esperando sempre que alguém nos bajule com elogios e tapinhas nas costas, estamos sempre esperando algo em troca para depois dar.
    A cultura evangélica brasileira ensinou durante anos e conduziu o povo à base de que Deus daria alegria e removeria a tristeza. Não que isso não seja fato. E muitos se achegaram pois queriam deixar no altar suas frustrações e levar para casa ânimo, novas motivações para se alegrar. Essa cultura infantilizou o cristianismo contemporâneo e por isso encontramos irmãos que estão buscando alegria e não sendo uma alegria. E ser alegria para alguém custará meu tempo, dinheiro e planos.  Assim, em tudo, façam aos outros o que vocês querem que eles lhes façam; pois esta é a Lei e os Profetas. Mt 7:12
    Ser alegria para um filho é levar ele para o parque, ser alegria para o pai é cortar a grama, para a mãe é lavar a louça. Entendam que não é que a alegria esteja atrelada a um favor, ou seja, a alegria só existe quando faço algo. Não é isso. Trabalhar pela alegria fortalece nosso caráter e as pessoas com que nos envolvemos. Há uma fala de Neemias muito popular que é “a alegria do SENHOR é a nossa força Ne 8.10. E quem pode nos fortalecer senão aqueles que estão acima de nós. Como funcionário você pode fazer uma de duas coisas por seu líder. Você pode deixar a carga mais leve ou pode deixá-la mais pesada.(O Lider 360º pag 111) A minha responsabilidade é ser uma alegria e não receber alegria. Jesus aborreceu a si mesmo para agradar ao Pai. E esse aborrecer não é ficar zangado. Muitas vezes obedecemos e essa obediência nos deixa bravos e deveria nos deixar satisfeitos. Certa vez numa reunião de oração pedimos para uma pessoa orar e ela disse: não senti de Deus. Essa frase não senti de Deus é comum para aqueles que não querem fazer nada. Jesus não sentiu de Deus que tinha de fazer o que fez ele apenas veio e fez. Se esperarmos sentir algo para depois fazermos nunca faremos. Os sentidos e as sensações são muito subjetivas e interpretamos a maneira que nos apeteça e não do modo que agrade ao outro. Leia a carta de Paulo aos filipenses. E veja o que Jesus deixa. Não há nenhum contexto que Jesus tenha feito o que fez para se alegrar tudo é para obedecer. A obediência impede que o medo e a culpa se instale em nós.
    Como cristão e discípulo eu preciso ser a alegria para alguém, como igreja preciso carregar a minha parte no corpo, como equipe preciso carregar minha parte. É notável que as pessoas buscam um dom ou talento para si. Querem ter dons e talentos mirabolantes para mostrarem para os outros. Todo dom e talento é para que o reino e a equipe seja edificado e com isso fortalecida. Veja em Isaías 61.3 ele me ungiu para trocar a tristeza por alegria não a minha a de alguém. Enquanto buscarmos alegria para nós mesmo jamais seremos a alegria para alguém. Pare de reivindicar alegria e passe a ser a motivação de alegria para alguém que está acima, ao lado ou abaixo de você.
    Muitos cristãos sentem que são um desapontamento para Deus e para a igreja que está envolvida. Sente-se cansado e carregam fardos pesados de culpa e ressentimentos. Esse peso é justamente por não querer obedecer e depois de não obedecer sente cheios de remorso. Ser um filho amado e que dá muita alegria é viver em comunhão com o Pai cumprindo sua vontade.
    Quando Jesus envia os setenta discípulos eles voltam agitados e contando novidades para Jesus sobre aquilo que realizaram. E dessa vez é Jesus que suspira de alegria, pois eles obedeceram à missão assim como ele um dia obedeceu. Quantas pessoas que admiram Jesus como uma personagem histórica, contudo não o obedece. Quantas escrevem JESUS TE AMA, compartilham textos bíblicos em páginas sociais e até mesmo tatuam motivos bíblicos no corpo. Mas tudo isso não passa de filactérios contemporâneos. Filactérios eram textos bíblicos gravados nos umbrais das portas ou textos sagrados escrito em pedaços de couro e posto em uma caixinha e amarrado na mão direita ou na testa. Tinham toda a aparência de religião, mas vazia de contentamento para Deus. A religião pode ser uma bênção ou uma maldição. Se você integra à igreja ou uma equipe com a intenção de ser ativo isso é uma bênção, agora se você integra para se aproveitar isso é tolice. Ser igreja é ser uma alegria para os irmãos. Ser alegria para Jesus é ser um desapontamento para o mundo o pecado e o diabo.
    Jesus santifica o nome de Deus. Dentre tantas deidades mitológicas e religiosas de sua época. Jesus marca o nome Jeová. Ele o separa dos demais deuses existentes. Santificar é separar algo ou alguém. Deus disse: sejam santos como eu sou santo Lv 20.26. Deus separou os israelitas de outros povos agora Jesus que separa Deus de outros deuses. E Jesus não chama de Jeová, SENHOR o todo poderoso, chama apenas de pai. Uma forma de entender isso com facilidade e clareza é a seguinte. Todos já conheceram casas em que no guarda-louça tem copos de cristais e peças de porcelana pintadas à mão. Peças especiais “separadas, santas”. Foi isso que Jesus fez grifou o nome de Deus na história humana muito mais que todos os patriarcas, sacerdotes e profetas. Os patriarcas deram significado de um Deus tribal, Moisés deu o significado de um juiz, os sacerdotes de um mediador e os profetas de quem sabe do futuro e penalizam aqueles que não cumpriram a leis reveladas a Moisés.
    Jesus pega todos esses predicados de Deus e substitui por um Abba. A oração do Pai Nosso é resposta a um pedido dos discípulos, "Senhor, ensina-nos a orar, como João ensinou aos discípulos dele". Lc11-1. Talvez nem mesmo os discípulos imaginassem que se iniciaria como se inicia – Pai nosso, Jesus está sinalizando o Pai é meu e seu. Jesus não ensinou a orar para Deus ou o SENHOR todo poderoso, sim para um pai. Jesus ressignifica a imagem do EU SOU. Quando converti aos poucos fui percebendo que minhas orações foram mudando de endereço. A caixa de correspondência de Deus e do SENHOR foi ficando vazias e a do Pai cheia. Jesus revelou um Pai que eu não conhecia. Essa revelação sobre o pai me fez santificá-lo. Muitas pessoas dizem Deus é o mesmo em todas as religiões. Isso não é verdade assim como um pai não é o mesmo pai em todas as famílias, ser assim como Jesus é. É santificar o Pai fazer do nome dele um ícone da salvação. De todos os apóstolos João foi o que mais entendeu isso quando escreveu Deus é amor 1Jo4.16b. Toda a história cristã é marcada por essa frase. E essa frase não era apenas um adendo ou uma formulação que João concluiu. Esse amor era vivo nele. Para santificarmos o pai assim como Jesus, João e demais discípulos devemos ter um estilo de vida no qual as pessoas olhem para nós e santifique o pai que está no céu. Somos a luz porque ele é a luz, somos o sal porque ele trouxe o sabor divino. Para ser uma alegria preciso emancipar das minhas vaidades e manias.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Ser assim como Jesus é. Vir a ser.

Ser assim como Jesus é. Ser o cumprimento da profecia

Cultura do Reino - Hiato